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Luiz André Ferreira Costa

Diretor de Formação da Federação dos Servidores Públicos Municipais no Estado do Rio de Janeiro - FESEP RJ,

Secretário Adjunto do SICOSERV na Confederação dos Servidores Públicos do Brasil – CSPB, e

Diretor de Formação da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil - CTB RJ

“O MOVIMENTO SINDICAL LATINO-AMERICANO E OS PROCESSOS POLÍTICOS NA CONSTRUÇÃO DE UNIDADE NO CONTEXTO ATUAL”

 

5º Curso de Formação de Instrutores Sindicais – Cuba 2023

 

              O curso foi realizado entre os dias 24 e 28 de abril de 2023. O programa incluiu visita a centros de trabalho, atos de homenagem e participação no Encontro Internacional de Solidariedade, passando por aulas formais e atividades práticas. O curso se pautou na formação política, sindical e de gestão, passando pela área de relação internacional, saúde, educação e relacionamento interpessoal. O desfile de 1º de maio deveria ter sido o ponto alto da formação, porém, uma tempestade na véspera danificou as instalações audiovisuais, e o desfile precisou ser adiado para 05 de maio de 2023.

No Brasil, o curso foi demandado pelo CSPB, Confederação dos Servidores Públicos do Brasil, afiliada à CLATE – Confederação Latino Americana e do Caribe de Trabalhadores Estatais, que em parceria com a FSM – Federação Sindical Mundial e a CTC – Central dos Trabalhadores de Cuba, fomentaram as atividades propostas.

               Foram 96 inscritos, representando 12 países: Argentina, Brasil, Colômbia, Costa Rica, El Salvador, Equador, Estados Unidos, Guatemala, México, Panamá, República Dominicana e Uruguai.

               Nesse ambiente rico de diversidade de realidades, o intercâmbio de conhecimento, ideias, línguas e culturas é tão intenso que nenhuma abordagem escrita seria suficientemente boa para descrever. Se aprende o tempo todo, ouvindo, falando e observando. É preciso viver, desfrutar e agradecer sempre a oportunidade.

               É necessária uma contextualização das dificuldades atuais de Cuba, que se pautam no bloqueio econômico e financeiro dos Estados Unidos da América, que está asfixiando o turismo e por consequência a economia cubana, piorando a situação para a população, já tão maltratada pela pandemia.

               Há que se ressaltar a importância do desenvolvimento da vacina cubana, que se estendeu a 100% da população, com a qual, por agora, já se vacina como reforço. O local onde o curso aconteceu, o complexo da Escola de Formação Lázaro Peña, foi um dos principais centros de tratamento de pacientes de COVID19 durante a pandemia. Um ambiente propício para se inspirar a resistência.

               O desfile de 1º de maio, seria no Malecon (famoso caminho beira-mar) e não na Praça da Revolução como de costume, por conta de razões econômicas, que geram dificuldade de acesso à combustível.

               Destaque para a solidariedade cubana que se pauta na hospitalidade. Ainda que com grandes dificuldades, Cuba oferece tudo o que se tem, reconhecendo as deficiências, inclusive a precariedade das instalações, as limitações alimentares, de transporte e comunicação.

                A cada contato com a população, uma lição a ser aprendida, um exemplo a ser seguido, um olhar de respeito e admiração. Em Cuba, os índices de analfabetismo são inexistentes. As estatísticas de violência se resumem a crimes passionais. A mortalidade infantil, praticamente não existe. Há saneamento básico e não se vê esgoto a céu aberto. Existe transporte público. Acesso a saúde e educação são direitos universais. Homens e mulheres ganham o mesmo salário quando executam a mesma função.

               Com uma reflexão importante sobre as transformações do mercado de trabalho, seu impacto nos trabalhadores e no movimento sindical. Cuba inova com o Conselho Científico Assessor que acompanha o desenvolvimento da prática política, a partir dos processos, buscando transformar e encontrar soluções que retroalimentem as ideias originais.

               A situação socioeconômica do país não é boa. Alguns pontos contribuem para a atual situação ruim de Cuba: bloqueio econômico e guerra ideológica cultural são os principais deles.

               O bloqueio que se há estendido há anos, se arrefeceu durante o governo americano de Barack Obama e se recrudesceu no governo de extrema direita de Donald Trump.

               Ainda em 2017, Cuba foi acusada de envenenar diplomatas americanos no país, e com isso medidas duras começaram a ser impostas à ilha. Hoje, 6 anos depois, a CIA – Companhia de Inteligência Americana, reconhece que não houve envenenamento, foi um mal natural. Mesmo assim, mantém-se as restrições.

               Ainda no governo Trump, em 2019, durante a pandemia, Cuba foi imoralmente colocada na lista de países patrocinadores internacionais do terrorismo e mais sanções foram implicadas, tornando proibitivo a capacidade econômica do país e fazendo toda a população, a mais pobre principalmente, sofrer de todas as maneiras possíveis.

               A guerra ideológica é diária e está num modelo de desconstrução sobre as coisas boas que um país socialista oferece à sua população. Principalmente através das mídias formais e informais de comunicação, que destacam pontos negativos, argumentos erráticos e usam de sua “credibilidade” para mal orientar mentes e corações.

               Nesse sentido, a oportunidade de observar a realidade in loco, configura uma experiência antropológica inigualável. O que Cuba tem de melhor, são as pessoas e isso me parece muito real e sensitivo. Há quem defenda impor um posicionamento ideológico único, como se isso fosse possível no mundo atual. Neoliberal ou Socialista, todos somos irmãos e não podemos nos matar de fome para fazer que o outro se reconheça em nós. Defender a liberdade ou sua própria liberdade, sempre foi um dilema ao povo da América do Norte.

               Liberalismo político é permitir que o outro escolha viver da maneira que lhe convém. O que está acontecendo hoje é criminoso. Está levando as pessoas ao limite para se impor um territorialismo sem sentido.

               Como tudo na vida, Cuba tem seus defeitos, no entanto, possibilitar que todos tenham acesso à uma política nacional de saúde e educação pública, gratuitas e focadas no desenvolvimento humano, coloca o país no centro do mundo. Do ponto de vista socialista, Cuba é um sucesso.

Cuba exporta médicos e professores, e esse é o modo que o país tem para recolher divisas e respirar diante do bloqueio econômico, cada vez mais duro e sem sentido.

               Estudar em Cuba não é um privilégio, todo mundo pode. É acessível, é bem coordenado e é a prática. Em visita a uma universidade de medicina, foi possível aprender sobre o processo focado de formação técnica no país, que recebe estudantes do mundo inteiro. Foram apresentados os dados estatísticos de resultado da aplicação do programa nacional de saúde de prevenção, que é setorizado e parte do atendimento básico às especialidades, considerando ainda as demandas de alta complexidade.

                Cuba representa um ato de resistência para todos aqueles que acreditam que é possível construir um mundo melhor, mais justo e socialista. O movimento sindical de um país onde o trabalhador está no poder, representa uma liderança regional marcante e histórica. Cuba resiste, então, resistimos. Nos inspiramos e seguimos em frente buscando adaptar esse modelo exitoso em nossos lugares.

                A relação dos Estados Unidos da América com a América Latina sempre foi de imposição. É preciso relembrar que todas as ditaduras militares da região foram apoiadas de forma direta ou indireta pelo país. A tentativa de executar políticas públicas mais à direita do espectro ideológico, com ou sem a força, a fim de garantir a hegemonia cultural e econômica é plano traçado por volta de 1.800 e ainda vemos seus traços atualmente.

Principalmente, quando o assunto é Cuba. Nenhum país no mundo tem tantas sanções econômicas quanto Cuba. Nem os países que realmente patrocinam terroristas, nem os países que provocam guerras, e isso vai fazendo cada vez menos sentido quando vemos a realidade de perto. Cuba, envia médicos em missão voluntária pelo mundo todo, inclusive para os Estados Unidos e recebe em troca, dificuldade financeira para cuidar da sua própria população.

               A relação trabalhista pós-revolução de Cuba se inventou a partir do setor público. Logo, tanto a Constituição cubana, quanto seu código de direito de trabalho são especializados nesse setor. Mas o mundo muda, e Cuba também se abriu para a iniciativa privada. Hoje, já são mais de 1.700 empreendimentos particulares no país, e essa relação trabalhista vem passando por um processo de adaptação e aprendizagem necessários a seu desenvolvimento pleno.

               O ambiente inaugural e de diplomação, bem como os encontros internacionais com outras delegações, geraram a oportunidade de um intercâmbio muito representativo.

                Se aprende a lutar sua luta, sem perder a empatia por outras lutas tão importantes. Há quem se dedique à emancipação do povo africano espalhado pelo mundo. Há muitos grupos de americanos empenhados em pressionar o governo dos Estados Unidos a encerrar o bloqueio econômico. E quem se preocupe com a inserção dos jovens no movimento de luta. Há quem está a muitos anos nessa estrada de luta e há também quem acaba de chegar. Tem gente de luta sofrida e sem glamour e tem gente que é PopStar.

                Mas o que é unânime, é que todos necessitam se reconhecer no outro, praticar empatia. É preciso buscar mais conhecimento, se aprofundar. A formação política é a chave da revolução que cabe no mundo, a revolução da consciência de classe. Quando o trabalhador se reconhecer como tal e se preparar para ocupar os espaços de poder, essa revolução vai acontecer.

                 É necessário denunciar e se reunir enquanto entidades para criminalizar o que acontece em Cuba. É consenso preparar um documento, assinar e somar forças com as entidades internacionais que defendem o fim do bloqueio econômico a Cuba.

                 É também preciso fortalecer os laços históricos do Continente americano, compreendendo que a unidade de luta é o melhor caminho para a conquistas de mais justiça social e melhores condições de trabalhos. Somos todos trabalhadores, seja qual o setor que você pertença ou país que você tenha nascido. Precisamos buscar a unidade sempre!

 

                 Aprender, aprender e aprender:

“Solidariedade não é dar o que te sobra e sim compartilhar o que se tem”

Fidel Castro

“Se você é capaz de tremer de indignação a cada vez que se comete uma injustiça no mundo, então somos companheiros.”

Che Guevara

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