A visita a La Universidad de Ciencias Medicas de La Habana e a saúde pública em Cuba
Inicialmente, salienta-se que, em Cuba, o Estado é quem regula, financia e presta todos os serviços públicos, sendo a saúde pública no país de extrema qualidade, destacando-se positivamente no cenário mundial.
Ante a perspectiva de que a saúde é um direito social inalienável, em Cuba o foco principal está na atenção primária à saúde. A vantagem dessa estratégia é que muitas doenças são evitadas ou percebidas com antecedência, o que facilita o tratamento, diminui o tempo e o custo do serviço.
Este fator é de grande importância ao observarmos a dificuldade enfrentada pelo país para adquirir remédios necessários para tratamento de doenças, em decorrência dos embargos econômicos.
Importante falar que mesmo sofrendo com os chamados embargos econômicos advindos dos Estados Unidos, conhecido como "el bloqueo", imposto por estes ao governo cubano no ano de 1962, a Universidade de Havana, em Cuba, é uma das instituições mais reconhecidas no mundo para estudantes de medicina. Em termos de classificação no Ranking QS América Latina 2021, a instituição foi a mais bem posicionada do país, ocupando o 28ª lugar no mundo.
A infraestrutura e a qualidade oferecidas nessas Universidades impressionam. Para aqueles que necessitam, as Universidades Cubanas oferecem, ainda, alojamento para seus estudantes.
No que tange ainda às Universidades, o acesso é facilitado e garantido, pois existe vaga na educação publica para todos que desejam, sendo as provas de entrada admissionais e não eliminatórias como aqui. No Brasil enfrentamos, ainda, o desafio da elitização das Universidades Públicas, de maneira que os negros e pobres ainda são minoria nesses espaços. Gradualmente, porém, a política publica de cotas vem reduzindo essa desigualdade.
A formação profissional dos médicos cubanos possui uma abordagem extremamente humana, com foco para a saúde familiar e prevenção de doenças, muito diferente do Brasil, onde a falta de investimento no SUS, faz com o que os cidadãos se sintam obrigados a pagar pelo serviço, e os planos de saúde lucram com o Sistema.
O Sistema Único de Saúde (SUS) é o maior e mais complexo sistema de saúde pública, universal e gratuito do mundo e representa uma conquista da sociedade brasileira, porque promove a justiça social, com atendimento a todos os indivíduos, desde farmácia pública ou o simples atendimento para avaliação da pressão arterial, por meio da Atenção Primária, até o transplante de órgãos. Porém, devido ao investimento insuficiente com relação a demanda, a saúde pública está precarizada, refletindo em hospitais sem estrutura adequada e falta de vagas para todos que necessitam. Falta investimento no melhor e mais social modelo do mundo.
Como trabalhadora atuante no serviço público da saúde no Estado do Rio de Janeiro, a diferença salta aos olhos: Em Cuba, cada médico da família, como são denominados os profissionais do país, atende, em média, 100 pessoas. No Brasil, por sua vez, estima-se que cada profissional atenda em torno de 3.000 pacientes, podendo chegar a 4.000.
Diante deste cenário, podemos afirmar que a falta da atenção à saúde básica é o fator principal para a superlotação dos hospitais de Emergência em nosso país. É preciso mais políticas publicas voltadas para a prevenção, o combate e o tratamento de doenças, fazendo com que o país possa prestar um suporte de qualidade para a população.