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CAIO SAMPAIO

Secretário de Relações Internacionais na Federação dos Servidores Públicos Municipais no Estado do Rio de Janeiro - FESEP RJ

A Eleição Estadunidense e a Conjuntura Adversa

           Meus companheiros e amigos de luta. 

           Peço a atenção de todos para uma breve reflexão sobre a conjuntura política atual. 

           Esta eleição americana nos faz pensar, ou, repensar. 

           Não se trata de um ato isolado não, outros países da Europa, a própria comunidade europeia,  países do continente africano e dos Emirados Árabes, trouxeram a mesma fotografia, qual seja, há um grande "marasmo intelectual" da sociedade.

           Não se trata de Trump, Bolsonaro, Milei e outros. Trata-se da forma como a sociedade está aceitando tão fácilmente e com tanto entusiasmo a nova cara do fascismo. Eles, os políticos do mal,  estão agindo de forma inteligente e levando multidões.  Encontraram a "pegada". A população,  carente de tudo, mormente de intelecto,  entendeu que o errado é o certo e uma nova ordem se vislumbra. A questão posta é: como nós, trabalhadores, sindicalistas, progressistas, democratas e republicanos reagiremos sem soar como "comunistas", "petralhas", " ditadores" - conceitos que eles conseguiram fixar muito bem em nós?

           A metodologias mudaram com o advento das fakes e, com o domínio das redes sociais como o maior instrumento de massa da nova direita.

Nosso poderio intelectual foi reduzido à retórica e não temos válvulas de escape. Os movimentos classistas e sociais, tendem a diminuir e  migrar pro Google,  Instagram, Facebook, etc...

           Vejamos no Brasil.  A direita cresce de uma forma tão surpreendente e desengonçada, que Bolsonaro já não tem mais exclusividade. Kassab, Tarcísio, Marçal,  Ratinho, Caiado e vários outros,  buscam inovar na já "renovada" direita bolsonarista. Milei,  na Argentina,  é primeiro político anarco-capitalista a alçar o cargo maior da estrutura. 

           A verdade é que enquanto extremistas de direita têm objetivos claros, a esquerda, nesse momento, não possui projeto para outra ordem.
Dentre os extremos, ganhou mais peso a denominação da extrema direita nos últimos anos. Não só sua denominação, mas sua presença, sua influência e suas investidas contra o meio ambiente, direitos básicos e até contra a democracia. O brasileiro, hoje, conhece o termo e, normalmente, sabe se concorda ou discorda de suas posições. Em especial, o negacionismo e o conservadorismo. Aqui no Brasil, por exemplo, o negacionismo está bastante associado aos interesses do agronegócio e a atividades extrativistas, ao mesmo tempo que o conservadorismo esvazia pautas que interessam às minorias, como os direitos das mulheres e das pessoas LGBTQIAPN+, e até os dos trabalhadores e das trabalhadoras, e isso foi colocado de uma forma palatável,  que a sociedade vem entendendo que, as minorias, por exemplo,  não merecem ter vez; que o agro vale mais que a floresta; que o "homem de bem" deve se armar para defender sua família do "homem do mal".

           Outro bom exemplo é a Alemanha, um país onde a extrema direita avançou em número de assentos no Parlamento Europeu, obtendo seu maior resultado histórico nas eleições europeias. E o partido Aliança, prospera graças ao racismo antimuçulmano, ligado ao sionismo, e por aí vai.

         Penso que isso tem uma razão,  e reputo a anos de uma política neoliberal brutal nos bastidores minando a esquerda e seus movimentos,  somado a uma enorme "crise existencial " diante da velocidade da sociedade nesta era pós-moderna.

           

           Enquanto a extrema direita age com objetivos claros, a esquerda, nesse momento, não possui algum projeto alternativo que leve os povos à construção de uma outra ordem, ou ao menos reformas profundas no modelo atual em vigência. Para derrotar o cinismo da direita, é preciso uma esquerda com capacidade de enfrentar os desafios postos e com um novo projeto societário alinhado com as demandas deste século. Devemos sair de nossa casta e readequar nossos propósitos,  linguagens e ações  àquilo que a sociedade espera. Eles fizeram isso - com mentiras sabemos - mas nós nos aquietamos.  Não conseguimos,  sequer,  usar as redes sociais.
 
           Sobre a premissa de "proteger a América", Trump garantiu o início da barbárie. Colocou o novo fascismo num patamar alto, com o povo entorpecido e o endossando com um apoio robusto. 

           Como venho dizendo, é chegada a hora de nos reogonizarmos e nossa base sindical é uma das últimas linhas de sobrevivência, senão a última. 

 Precisamos nos reinventar já para as próximas eleições daqui dois anos, sob pena de não conseguirmos mais.

            Há esperança!  A Finlândia, a Dinamarca e a Suécia, por exemplo, conseguiram enfrentar essa extrema direita na União Europeia e impediram que o bloco fosse governado por eles.  Qual o segredo? Eles entenderam como mudar. Em resumo o que eles fizeram foi usar as bases do discurso da extrema direita (nosso país primeiro), e colocar uma cara progressista. Em verdade nós sempre lutamos por nosso país, nossa democracia, nossos direitos e nossa liberdade, porém,  com discursos que funcionaram no século passado e já não mais têm eco no povo.  A população ainda quer os nascionalistas, mas, ardilosamente, nos colocaram a marca de anti-nacionalistas. Penso que não nos cabe mais defender o socialismo científico, o comunismo,  o progressismo,  com discursos intelectuais marxistas e sim descobrir uma forma de colocá-lo em prática numa nova roupagem.

           'Endurecer sim, mas não perder a ternura jamais", nunca foi tão atual e necessário.
 
Saudações!!!

Dr. Caio Marcelo Brauer de Freitas Sampaio 
Diretor de Políticas internacionais da Fesep-RJ

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