top of page
11745314_866212593446075_7869559111215710943_n.jpg
  • Facebook

Vinícius Duarte Ribeiro

Diretor Social da Federação dos Servidores Públicos Municipais no Estado do Rio de Janeiro - FESEP RJ

Com colaboração de Marcio Ribeiro

MOVIMENTO SINDICAL –
O MESTRE-SALA DOS MARES

              Há muito tempo, não nas águas da Guanabara, mas na Inglaterra do século XVIII, diante das péssimas condições de vida e trabalho às quais estava submetida boa parte da população europeia, início do sistema capitalista de produção, com o advento da revolução industrial, onde a mão-de-obra era explorada em níveis extremos, com cargas horárias de 16 horas diárias, sem folga semanal remunerada, sem férias anuais, sem gratificação natalina, sem previdência para acidentes de trabalho, sem direito a aposentadoria por tempo de serviço ou por idade etc. No contexto do processo de industrialização e consolidação do capitalismo, em que os trabalhadores sentiam a cada dia a sua substituição pelos maquinários nas indústrias. Por meio de organização dentro das unidades fabris, e lutas históricas, a classe trabalhadora, que depende de vender sua capacidade de trabalho, foi conquistando vários e importantes direitos. Vale ressaltar que a conquista desses direitos se deu por meio de muita luta. Os direitos não foram presenteados pelos donos das empresas. Os direitos foram duramente conquistados por meio de uma luta diária conduzida pelas organizações de trabalhadores. Os trabalhadores passam a se organizar, como meio de questionar a situação da época e confrontar os empregadores, eis que surge o ludismo o embrião do sindicalismo.

               Após a Primeira Guerra Mundial, surgem os Estados socialistas, que vieram a formar a então denominada Cortina de Ferro, acenando com uma nova forma de organizar o sistema de produção com base na propriedade estatal dos meios de produção.  Isso resultou em uma mudança significativa do modelo de pensamento capitalista, que deixa de lado o pensamento liberal e passa a pensar com base em um modelo mais protetor da classe trabalhadora, o chamado modelo social-democrata.

 

               No final do século XIX, no Brasil, com a abolição da escravatura e a Proclamação da República, a economia brasileira sofre uma grande transformação, deixando de concentrar na produção de café e cede espaço para atividades manufatureiras.  

Neste cenário, no início do século XX, o trabalho passa a ser assalariado e atrai um grande número de imigrantes vindos da Europa que ao chegar ao Brasil se deparam com uma sociedade que oferecia reduzido direitos trabalhistas em decorrência da forte influência que ainda havia do regime escravocrata onde - “rubras cascatas jorravam das costas dos santos entre cantos e chibatas”.

              Esta nova mão-de-obra que detinha experiência de trabalho assalariado e relativos direitos trabalhistas conquistados em seu país de origem, rapidamente começaram a formar organizações. As primeiras formas de organização foram as sociedades de auxílio-mútuo e de socorro, cujo objetivo era auxiliar materialmente os operários em períodos mais difíceis. Posteriormente são criadas as Uniões Operárias, que com o surgimento das indústrias, passam a se organizar de acordo com os diferentes ramos de atividade, sucedendo o movimento sindical brasileiro - “inundando o coração do pessoal do pessoal do porão”.

 

              Nos anos 90, o sistema capitalista, com suas fases cíclicas, se refaz agora num modelo neoliberal e volta a ganhar fôlego e prevalecer politicamente, sendo adotado por diversos governos de vários países e, no processo, atinge os trabalhadores. A adoção de políticas neoliberais, combinadas com alguns avanços tecnológicos, resultou em diversas crises econômicas globais, que se materializam levando ao aumento do desemprego, do número de trabalhadores informais, redução de salários, perdas ou flexibilização de direitos trabalhistas e previdenciários, precarização do trabalho, terceirização da relação de trabalho, instabilidade no emprego, dentre outras perdas.

              A crise da classe trabalhadora se aprofunda com o fenômeno da uberização e pejotização que traveste não só o trabalhador como sua consciência de classe, quando ele passa a se enxergar como empreendedores capitalistas, apesar de vender sua força de trabalho prestando serviços, tudo por sua conta e risco, sem nenhum direito trabalhista, para aplicativos que exploram o trabalho prestado em níveis extremos.

 

              Na atual conjuntura a crise política e econômica veio a culminar no descrédito das instituições, por boa parte da população, que não mais confiam em partidos políticos, nas forças de segurança, no legislativo, no executivo e no judiciário e, por conseguinte, também não confiam mais nos sindicatos, pois no imaginário coletivo, todos formam um conluio.

 

             A história continua seguindo seu curso e as contradições dos interesses de classes sociais permanecem, desta forma urge a necessidade do movimento sindical resgatar a confiança da classe trabalhadora e assumir a vanguarda histórica da defesa da classe operária e a luta pela recuperação de direitos trabalhistas retirados e a ampliação dos mesmos, para se levar à frente a luta pela construção de uma sociedade mais justa e igualitária - “Glória a todas as lutas inglórias”.

Autores:

Vinicius Duarte Ribeiro - Diretor Social da FESEP RJ, e

Márcio Ribeiro (filho de Gilvan Ribeiro – militante, preso-político anistiado e co-fundador do PDT).

bottom of page